domingo, 22 de janeiro de 2012

O Ponto G - Martha Medeiros




Como já sabem... adoro os escritos de Martha Medeiros e também adoro partilhá-los... 
Essa autora merece todos os elogios que recebe por onde passa... 
Adoro cada linha que ela escreve, pois suas crônicas, poesias e ficções sempre me fazem pensar e refletir sobre a vida e os sentimentos... E este texto abaixo transcrito vocês podem encontrar no livro "NON-STOP: Crônicas Cotidianas". Recomendo sua leitura... 
Uma ótima semana e boas reflexões... 
Abraços, 
Paty.



O PONTO G - Martha Medeiros 

(Crônica do livro NON-STOP)
Isabel Allende é uma das escritoras que mais admiro, não só por seus livros, mas também por seu humor, sua trajetória de vida e sua força diante de dramas inesperados, como a morte prematura de sua filha de 28 anos, que acabou lhe inspirando um romance biográfico emocionante, Paula
Hoje Isabel vive feliz em Sausalito, California, com o segundo marido. Lendo a entrevista que ela deu para a Playboy, ri muito com suas declarações, e uma delas me pareceu um verdadeiro achado. “As mulheres gostam que lhes digam palavras de amor. O ponto G está nos ouvidos. Inútil procurá-lo em outro lugar.”
Ah, o ponto G, esse paraíso secreto que leva os homens a explorações minuciosas. Tanto trabalho por nada. Não temos um ponto G, mas dois, um em cada lateral da cabeça, e não é preciso tirar nossa roupa para nos deixar em êxtase. Falem, rapazes. Digam tudo o que sentem por nós, assim, assim... isso.
Concordo com a autora de A casa dos espíritos: o melhor afrodisíaco é a declaração de amor. Não aquelas mecânicas, faladas no piloto automático, mas as verdadeiras, sentidas, aquelas que os homens imaginam que basta serem ditas com o olhar e com as mãos, mas que fazemos questão de escutar também com a voz. “Como eu gosto de estar com você, como você é linda, esqueço do tempo ao seu lado, que horas são? Já? Que me esperem, não consigo desgrudar de você, amor.” Caetano Veloso vendeu um milhão de cópias do seu último disco, e tenho certeza de que não foi por causa de “vou me embora, vou me embora, prenda minha...” e sim “por que você me deixa tão solto, por que você não cola em mim?” 
As feministas mais ortodoxas devem estar bufando. Tanta coisa pra se exigir de um homem: mais espaço na política, mais ajuda em casa, salários iguais e nada de gracinhas no escritório, e vem essa daí clamar por palavras! Pois essa daqui acha tão interessante a idéia de igualdade entre os sexos que adoraria vê-los soltar o verbo como nós, expressar os sentimentos sem medo de ser piegas, afirmar e reafirmar diariamente como a gente é importante pra eles e que saudades estavam do perfume dos nossos cabelos. Clichê em último grau, reconheço, mas quem quer ser moderna nessa hora? Tudo o que se reivindica é o desbloqueio emocional masculino. Nossos hormônios saberão como agradecer.
Agosto de 1999.

Martha Medeiros



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