sábado, 23 de abril de 2011

COISAS DA VIDA - Martha Medeiros


© Martha Medeiros – COISAS DA VIDA


SINOPSE:

Nas crônicas de Martha Medeiros encontramos espaço para todas as normalidades e todas as "loucuras" que caracterizam a vida e o homem modernos: a paixão, a igualdade sexual, a política, o sentimento de frustração, o medo, a intimidade, a percepção da solidão, estudos, traição, a diferença entre os sexos, o tal do relógio biológico feminino e seu tic-tac macabro, a dificuldade de lembrar nomes, a procura por amor, liberdade e felicidade, divagações sobre a morte, abismos criados entre pais e filhos, a “felicidade” e a infelicidade de amar duas pessoas ao mesmo tempo, ou de não gostar de quem se gosta, a rotina, moda, arrogância, mulheres que decidem não ter filhos, máquinas de provocar orgasmos, choros, comentários sobre livros, filmes, músicas, peças de teatro e tantas outras COISAS DA VIDA.


MINHA OPINIÃO:

Sou suspeita para falar dessa autora, porque adoro tudo que ela escreve... Já li vários livros dela e me identifico com cada crônica, cada poesia, cada história e cada reflexão escrita por Martha Medeiros... Não sei como ela fez isso, mas ela conseguiu expressar o que eu sinto sobre as coisas da vida e cada crônica que li é melhor que a outra...

COISAS DA VIDA é um livro maravilhoso, marquei várias frases marcantes e grifei vários trechos do livro que levam a reflexões importantes sobre o nosso cotidiano.

É um livro de crônicas baseadas no dia a dia de pessoas comuns como nós. Segue abaixo uma das crônicas que gostei muito no livro e que tem a ver com LIVROS e com quem gosta de ler como eu (uma apaixonada por livros):


© Martha Medeiros – O SALVA-VIDAS

“De vez em quando aparece no noticiário algum sortudo que teve sua vida salva por um objeto: uma caneta no bolso, uma moeda, uma calculadora, algo que impediu que uma bala de revólver lhe perfurasse o coração. Pois aconteceu de novo: sábado passado em Cuiabá, um professor de 52 anos reagiu a um assalto e teve sua vida salva porque, na hora do disparo, a bala acertou o que ele trazia em mãos: um livro. Um livro bem grosso, imagino. Um tijolaço.
Em plena semana em que inicia a nossa Feira, não posso perder a chance de fazer uma analogia. Terei coragem de apelar e dizer que os livros salvam a vida de milhares de pessoas todos os dias? Bom, agora já disse.
Piegas ou não, forçado ou não, eu acho mesmo que os livros nos "salvam", de alguma maneira. Salvam a gente de levar uma vida besta, doutrinada pela TV. Salvam a gente de ficar olhando só pra fora, só para o que acontece na vida dos outros, sem nos dedicar a alguns momentos de introspecção. Salvam a gente de ser preconceituoso. Salvam a gente do desconhecimento, do embrutecimento, do mau-humor, da solidão, salvam a gente de escrever errado. Se existe salvador da pátria, não conheço outro.
Quando me refiro a alguém que lê, estou me referindo a alguém que lê bastante, que lê com paixão, que lê compulsivamente. Porque ler dois ou três livros por ano, apesar de estar dentro da média brasileira, está longe de ser comemorado. Vira um programinha excêntrico: "Vou aproveitar que hoje está nevando e ler um livro". Nada disso. Livro salva quem nele se vicia. Salva quem não consegue se saciar. Quem quer saber mais, conhecer mais, se aprofundar mais. É imersão. Mergulho. Salva a gente da secura da vida.
A Feira começa depois de amanhã e estará cheia de livros, inclusive volumosos. Viver para contar, a biografia do García Márquez, tem 474 páginas. Os 100 melhores contos do século tem 618. A montanha mágica, de Thomas Mann, 986. Se não salvarem espiritualmente ninguém, darão ao menos um bom escudo.”
(Crônica retirada das páginas 129 e 130 do Livro Coisas da Vida de Martha Medeiros)


Entenderam aí o que quero dizer?! É assim que eu vejo uma paixão por livros, e depois de ler essa crônica da Martha, dá vontade de deitar no sofá com um bom livro nas mãos e me deixar levar pela imaginação...

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